sexta-feira, 6 de março de 2009

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Vamos fazer uma troca?

Trocamos de vida por um dia, e apenas por 24 horas podes ver, sentir e pensar como eu. Dispo-me dos meus defeitos e das minha virtudes, das minhas fraquezas e fortalezas. Ganhas um marido, uma casa, um carro e um emprego, adoptas (mais)duas sobrinhas e no resto de tempo que te sobra, pensas em ti. Ainda herdas uma série de cadernos cheios de coisas soltas, como fotografias, bilhetes, autocolantes, e imensas palavras, ao menos que sirvam para te entenderes melhor. Estão lá algumas coisas escritas por ti e para ti há muitos anos, e se deixares passar esta oportunidade, provavelmente nunca as irás ler. Há também pilhas de livros para os quais não tens já espaço para colocar nem tempo para ler, e a carteira que deste a ti, que funciona como uma espécie de amuleto, tal como o teu perfume que te acompanha.
Lamento mas no pacote não estão incluídos amigos ou amigas, apenas algumas pessoas com quem trocas frases de circunstância, coisas sem interesse. Predomina o isolamento por opção. De que te serve encher a vida de pessoas que são simplesmente descartáveis?
Ligas a coisas que te parecem tão estúpidas como o número de dias que não te vês (são exactamente dezasseis). Deixaste de vestir preto. O preto faz-te triste. Torna-te a aura pesada. Pesa-te como um bloco de pedra.
Sabes, agora que estás cá dentro, queres pedir-te, a ti menina dos olhos tristes, desculpa pelas más respostas que te deste e não devias ter dado, pelas vezes em que não estiveste presente e devias ter estado, desculpa-te pelo amor que te tens, por aquilo que não foste e poderias ter sido para ti. Desculpa-te.
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